Coube ao jornalista Vicente Serejo, em sua coluna diária no JH, fazer
uma análise sobre o ‘prejuízo’ do Rio Grande do Norte com a suposta
saída do deputado Henrique Alves, da disputa pela presidência da Câmara.
A análise de Serejo, na edição de hoje, foi feita com base apenas da
denúncia de domingo, publicada na edição semanal da revista Veja.
Eis o artigo:
Henrique e o vazio
Vai ser um prejuízo para o Rio Grande do Norte se denúncias como essa
de Veja, grandes ou pequenas, como sejam, venham de alguma forma
impedir a chegada do deputado Henrique Alves à presidência da Câmara
Federal. Menos por ele, hoje líder nacional do seu partido, com
11mandatos, e mais pelo Estado que ao longo das últimas décadas sofreu
um esvaziamento de representatividade, a ponto de ficar sem voz
determinante, empobrecido e anônimo, na cena política e na vida
nacionais.
Dito assim pode parecer um exagero, mas os nomes perdidos dispensam
os argumentos: de 1984 a 2012, perdemos o senador Dinarte Mariz (1984), o
escritor Câmara Cascudo (1986), o ministro Aluizio Alves (2006) e o
cardeal Eugênio Sales (2012). Para não levar a memória a nomes mais
remotos, como Tavares de Lyra, o ministro do presidente Afonso Pena;
Amaro Cavalcanti, ministro do Supremo e da Corte internacional de Haia e
Café Filho que chegou a presidir o Brasil.
Aliás, se fosse para recuar, caberia registrar nossa perda de
substância no campo das idéias. Rodolfo Garcia chegou à Academia
Brasileira de Letras, onde é nome de biblioteca, foi diretor da
Biblioteca Nacional e o historiador mais respeitado de sua época.
Peregrino Júnior presidiu a ABL; Jayme Adour da Câmara, o modernista que
editou a Revista de Antropofagia; e Octacílio Alecrim, eleito membro do
Proust Club na França, em Paris, foi o fundador do Proust Clube aqui no
Brasil.
Hoje, o que temos? Nunca tivemos tantos políticos. No entanto, nunca
fomos tão anônimos. Jamais lançamos tantos livros e conseguimos ser tão
desconhecidos nacionalmente. A crise que nos abate, convenhamos, é de
talento, único atributo capaz de compensar a limitação econômica de um
Estado preso a uma região subdesenvolvida. Nossos políticos são marcados
pela pobreza de espírito público e os nossos intelectuais não ousam
estilosos que são na mesmice de macaquearem modelos.
Nesta fase de pobreza, e mais do que um ministro ou um senador
vaidosos dos seus títulos e seus mandatos, o Rio Grande do Norte precisa
de uma marca luminosa a ocupar espaço de decisão no centro do poder
republicano. Mas, desde que tenha uma visão larga, acima das divisões
pessoais e partidárias sempre tão provincianas e empobrecedoras do nosso
horizonte. E, sobretudo, capaz de nos projetar além da estrada entre
Natal e Mossoró, para levar a nossa voz forte aos grandes auditórios.
Ao deputado Henrique Alves, agora construtor do seu próprio destino,
cabe mostrar-se por inteiro diante do Rio Grande do Norte e do Brasil.
Sob pena de sucumbir na trama fina de denúncias e suspeitas, como esta
que ocupa as páginas da revista Veja. E quanto menor a conta, como
parece ser o caso de uma simples locação de automóvel, maior será o
desgaste, na medida em que se deixar emaranhar no varejo de
questiúnculas muito abaixo da magnitude do cargo que pretende ocupar.fonte thaisa galvao
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