Maria Madalena nos ensina a sermos movidos pelo amor
Era
bem de madrugada, ainda escuro, o silêncio e o frio daquele amanhecer
denunciavam que algo diferente estava para acontecer. Madalena, no
entanto, continuava a caminho, rompendo a escuridão da madrugada com
passos apressados; ela tinha um destino certo. Seu coração, tomado pelo
amor, não se deixava abalar nem mesmo pelos comentários das
companheiras; para ela, eram ecos de preocupações momentâneas que não
vinham ao caso: – "Quem vai tirar a pedra do túmulo?" Dizia uma. – "E os
soldados romanos, o que vamos dizer para eles?" Comentava outra.
Madalena,
no entanto, seguia em frente, era movida pelo amor, quem a poderia
deter? Seu destino era o túmulo do amado Mestre. Queria prestar-Lhe a
última homenagem, estar perto d'Ele e amá-Lo do seu jeito, como sempre
inovador. Sim, ela sabia mais do que ninguém que Ele estava morto.
Acompanhou Seus últimos passos neste mundo, esteve aos pés da cruz
quando ele foi crucificado, viu onde colocaram Seu Corpo sem vida. Para
ela não havia dúvidas, o Mestre estava morto e sepultado!
Mas
é a força do amor que faz Madalena sair de madrugada, enfrentando o
clima de perigo e perseguição daqueles dias, quando até os discípulos
mais próximos de Jesus estavam escondidos e temerosos. Será que essa
mulher de fé também não sentia medo, visto que seu Senhor já não poderia
defendê-la das pedradas e julgamentos como fizera outrora?
Provavelmente sim, mas o amor supera o medo!
Basta
lembrarmos quantas vezes na vida já enfrentamos situações de perigo por
esse sentimento nobre. Aliás, já foi muitas vezes provado que o “amor é
a força mais poderosa que existe." Por isso ele supera também o medo.
Diz a Palavra que, quando Maria Madalena viu Jesus Ressuscitado, recebeu
d'Ele a missão de comunicar a Boa Notícia aos discípulos e foi correndo
ao encontro deles. E sabe o que aconteceu? Os discípulos tiveram
dificuldade de acreditar nela. Julgaram ser tudo isso um delírio e não
lhe deram atenção como narra o Evangelista João (cf. Jo 24, 11).
Eles
tinham lá suas razões. Claro que lendo a narrativa nos dias de hoje,
parece-nos um absurdo eles não terem acreditado na mesma hora e terem
tomado parte da alegria de Madalena, mas pensemos no contexto. Eles
estavam inseguros, o Mestre em quem confiavam e esperavam que libertasse
Israel havia sido crucificado e já fazia três dias. Estavam
decepcionados e a decepção endurece o coração e o fecha à graça das
novidades. Não tinham mais referências, e só o que já passou pela dor da
perda sabe como é difícil acreditar de novo quando tudo parece perdido.
Nessas
horas, as palavras pouco resolvem, é preciso tempo, testemunho, decisão
e amor para voltar a crer e contemplar milagres. Testemunho eles
tinham, Madalena estava ali de viva voz afirmando: "Eu vi o Senhor!" Não
há comentários sobre a insistência dela para que acreditassem no que
dizia, mas imagino que não se deteve nisso. Naquela hora, mais
importante do que acreditarem em suas palavras, era seu entusiasmo e a
alegria em ter reencontrado o Mestre vitorioso, vencedor da morte!
E
os discípulos? Como vemos na Sagrada Escritura, também tiverem seu
momento de encontro com o Senhor Ressuscitado e acreditaram
decididamente n'Ele, o ponto de a maioria deles ter dado a vida pela
causa do Mestre. Mas foi a força revolucionária do amor que levou Maria
Madalena, ainda de madrugada, ao sepulcro e a fez primeira testemunha da
ressurreição. Porque o amor vence o medo, ultrapassa os preconceitos da
razão, vai além das palavras e leva à ação. Maria Madalena e tantos
outros seguidores de Jesus fizeram esta experiência e se tornaram sinais
da Sua presença neste mundo.
Que
hoje a luz de Cristo Ressuscitado ilumine nossos corações e nos faça
também testemunhas da Sua Ressurreição a partir da nossa decisão de amar
como Cristo nos amou. Esta força, sim, pode revolucionar o mundo!
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