Do Correio Braziliense:
Governo federal paga passagens aéreas superfaturadas
O
Correio teve acesso a documentos que mostram como empresas alteram os
bilhetes para cobrar do governo federal valores mais altos do que os
cobrados pelas companhias aéreas
Helena Mader
João Valadares
O vaivém de
servidores públicos e de integrantes do primeiro escalão do governo
pelos ares do Brasil e do exterior custou aos cofres públicos R$ 890
milhões no ano passado. O valor total é uma das pistas que revelam o
descontrole dos gastos com passagens aéreas, motivado pela falta de
planejamento na compra de bilhetes e também por uma irregularidade
identificada pelo Ministério Público Federal (MPF) e pelo Tribunal de
Contas da União (TCU): a adulteração de bilhetes para superfaturamento
das tarifas e a cobrança de taxas inexistentes.
O Correio teve acesso a documentos que mostram como empresas contratadas
por órgãos públicos alteram os bilhetes para cobrar do governo federal
valores muito mais altos do que os efetivamente praticados pelas
companhias aéreas. Diante do desperdício de recursos, o TCU aprovou, na
semana passada, mudanças nas regras de contratações de agências com o
governo. A meta é acabar com a sangria de recursos públicos.
O gasto de quase R$ 1 bilhão registrado no ano passado reúne apenas
as compras da administração pública federal direta. A maioria das
licitações dos órgãos públicos escolhe as agências de viagem que
oferecem os maiores percentuais de desconto durante a concorrência
pública. Para faturar os contratos milionários com o governo, algumas
empresas praticam descontos superiores à possibilidade econômica, em
percentuais muito acima das comissões recebidas das companhias aéreas.
Para fechar essa conta, muitos empresários do turismo incluem nos
bilhetes emitidos para o governo valores superiores aos cobrados pelas
empresas aéreas, embutindo um lucro oculto. Representantes de várias
agências ouvidos pela reportagem reconheceram que essa é uma prática
usada para faturar contratos em licitações.
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