Da Folha de S. Paulo deste domingo:
Pior governo do país acaba com dívida de R$ 200 milhões
LUIZA BANDEIRA
DE SÃO PAULO
O pior governo do país chega ao fim com a prefeita afastada, dívida
superior a R$ 200 milhões, pilhas de lixo pelas ruas, ano letivo
suspenso nas escolas e saúde em estado de calamidade.
Única prefeita eleita pelo PV em 2008, Micarla de Sousa atingiu o
maior índice de rejeição já registrado pelo Ibope, de 92%, em pesquisa
feita em setembro, enquanto comandava a Prefeitura de Natal. O prefeito
de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), por exemplo, teve 47%.
Pouco depois, em outubro, Micarla foi afastada do cargo pela Justiça
por suspeita de participação em um esquema de desvio de verbas.
Segundo o Ministério Público, a prefeita usou recursos públicos para
comprar joias, fazer supermercado e pagar funcionários de sua casa. Ela
nega as acusações.
Desde o afastamento de Micarla, Natal já teve dois outros prefeitos –e, nesta semana, chegou a ficar sem comando por dois dias.
Micarla se elegeu em 2008 com o mote da mudança, após ganhar
popularidade como apresentadora de TV — ela é dona da TV Ponta Negra,
afiliada local do SBT.
Chegou ao auge de influência política em 2010. Coordenou a campanha
de Marina Silva (ex-PV, sem partido) à Presidência no Nordeste.
Em 2011, investigada pela Câmara de Natal por suspeita de
irregularidades, enfrentou protestos que ficaram conhecidos como
“primavera potiguar”.
Mas foi neste ano que a situação piorou. O lixo começou a se acumular
nas ruas após a suspensão do pagamento das empresas que fazem a coleta.
As aulas foram suspensas neste mês por falta de pagamento de
funcionários, após a saída de Micarla do cargo. Cerca de 15 mil alunos
não terminaram o ano letivo.
No mês passado, foi decretado estado de calamidade pública na saúde
por falta de profissionais e material para atendimento em unidades.
CONSTRAGIMENTO
A gestão causou constrangimento a aliados. Após o afastamento de
Micarla, o presidente nacional do PV, José Luiz Penna, disse que a sigla
“não perdoa deslizes em relação a verbas públicas”.
O senador José Agripino Maia (DEM), que a apoiou em 2008,
também não sai mais em sua defesa. “Não tenho contato com ela há dois
anos”, diz, atribuindo o rompimento ao apoio da ex-afilhada a Dilma em
2010.
Micarla disse que “a política é uma página virada” em sua vida. “A
história não termina de ser escrita em 31 de dezembro. Lá na frente as
pessoas vão saber o que foi feito, o que valeu a pena.”
O prefeito eleito, Carlos Eduardo Alves (PDT), afirma que a
prioridade inicial de seu governo será solucionar os problemas na saúde,
educação e coleta de lixo.
Para equilibrar as finanças, Alves diz querer extinguir órgãos da administração e revisar contratos.
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