quinta-feira, 15 de março de 2012

Dilma troca líderes e tenta acalmar aliados

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Arlindo Chinaglia (PT-SP)...
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... e Eduardo Braga (PMDB-AM) são novos interlocutores do governo, respectivamente, na Câmara e no Senado
FOTOS: AGÊNCIA BRASIL
A escolha de Chinaglia como líder do governo exclui a volta do PT ao comando da Casa em 2013, segundo Dilma

São Paulo. Após demonstrações de insatisfação de aliados, a troca de liderança do governo na Câmara e no Senado pode não pôr fim aos atritos na base de apoio da presidente Dilma Rousseff (PT) no Congresso Nacional. O PMDB entendeu a troca dos líderes do governo nas duas casas, herdados do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, como uma operação contra o partido.

No Senado, ao substituir Romero Jucá (PMDB-RR) pelo correligionário Eduardo Braga (AM), a presidente criou uma interlocução paralela com o chamado grupo dos descontentes - conhecido por G8 -, sem passar pelo presidente da Casa, José Sarney (AP), e pelo líder peemedebista Renan Calheiros (AL).

Na Câmara, Dilma escalou um concorrente do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN) na corrida sucessória pela presidência da Câmara. O novo líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que substituiu Cândido Vaccarezza (PT-SP) nunca escondeu sua pretensão de voltar ao comando da Casa. Ontem, o porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, afirmou que a presidente agradece o trabalho de Jucá e de Vaccarezza e "espera continuar contando com eles na base de apoio".

Embora a presidente tenha dito que vai respeitar o acordo de rodízio com o PMDB na presidência da Câmara, não convenceu os partidários de Alves.

Para aparar essa aresta, Dilma avisou Chinaglia que a sua ida para a liderança do governo excluía a volta do PT para a presidência da Casa, em 2013. "No ano que vem, a presidência da Câmara é do PMDB", afirmou.

O movimento, porém, não tranquilizou o PMDB. "O Chinaglia sempre desejou voltar à presidência da Câmara. Se for essa a sinalização do governo, é uma declaração de guerra ao PMDB", disse o deputado Danilo Forte (PMDB-CE). Ele é defensor da tese predominante na legenda de que o problema da articulação do governo no Congresso não está nos líderes, mas na coordenação política.

No Senado, ninguém se esquece de que Braga tentou, sem êxito, tomar a liderança de Renan Calheiros. E que, como o líder Renan, também é candidato à sucessão de Sarney.

Sem recado

Frente ao descontentamento da base aliada, a presidente evitou dar recados diretos ao Congresso, ontem, mas disse que o Palácio do Planalto tem uma "equipe conjunta e coesa" durante cerimônia no Senado que a homenageou pelo Dia Internacional da Mulher. Ela recebeu o diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz.

Substituídos falam sobre a saída

Brasília Trocado na liderança do governo, após seis anos de atividade na gestão do PT, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) nega ter contribuído para a desagregação do PMDB ou de qualquer outro partido da base. Ele informa que foi convidado para conversar com a presidente Dilma Rousseff (PT), um dia após divulgada a sua saída do cargo. O senador assume nos próximos dias a função de relator do Orçamento de 2013. Jucá encerrou ontem as atividades na liderança, segundo ele, "sem mágoas".

A destituição do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) da liderança do governo pela presidente Dilma provocou três efeitos imediatos: a suspensão das votações de ontem na Câmara, ou mesmo de toda a semana, acirramento na disputa na bancada do PT entre grupos de Vaccarezza e do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e a desconfiança do PMDB sobre o acordo de eleger o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) presidente da Câmara em 2013.

A saída de Vaccarezza surpreendeu deputados aliados de Dilma e da oposição. Não que o líder não estivesse na mira, desde o ano passado, de rumores de que deixaria o cargo. Aliados dele apontam a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT-SC), como a principal articuladora por sua saída junto ao Planalto. No entanto, a troca não era esperada para ontem.

Apesar de claramente emocionado, Vaccarezza afirmou que deixava a liderança do governo na Câmara sem ressentimentos e que continuará sendo um soldado da presidente Dilma. "Encaro isso sem ressentimento, sem mágoas e com naturalidade", disse. Para o deputado, sua saída acontece por motivação política, não por derrotas pessoais. O petista admite, porém, não saber onde a presidente "quer chegar" ao dizer que vai fazer um rodízio nas lideranças.

PMDB

Abatidos pela decisão da presidente de trocar Jucá da função, comunicada sexta-feira ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) e segunda-feira a Renan Calheiros (PMDB-AL), dirigentes do partido foram consolados pelo vice-presidente da República, Michel Temer.

Ele chamou o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) para catequizá-lo. "Agora você não é representante de um grupo. Você representa o governo e, nessa condição, terá de conversar com Renan e Sarney", disse-lhe.

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